Quinta Alegre – Um Teatro em cada Bairro

O que se pode dizer a quem ainda não chegou sobre o que se passa hoje? Fazem-se avisos, envia-se recados, leva-se esperança, pede-se desculpa? Neste espetáculo-debate experimenta-se como se pode pensar em conjunto hoje, com os olhos postos no tempo que está para vir. No fim, teremos de ter uma carta para deixar para o futuro, escrita por quem está agora.

Por Os Possessos

A Quinta Alegre e a Divergente, revista digital de jornalismo narrativo, associam-se nesta nova temporada, para apresentar e conversar sobre cinco filmes, um por mês entre outubro e fevereiro, todos com temas muito pertinentes e atuais. 

No final de cada filme segue-se uma conversa orientada pelos elementos deste coletivo de jornalistas, uma pessoa do território de Santa Clara e o público. O tema de cada filme é também o mote para se explorar a restante programação da Quinta Alegre que se propõe em cada um dos meses. À projeção, segue-se sempre uma conversa, com o público, a equipa da Divergente e pessoas ligadas a projetos de Santa Clara relacionados com tema do filme.

Em novembro O Zé quer saber porquê leva-nos a Elalab é uma pequena comunidade situada numa zona de difícil acesso da costa Norte da Guiné-Bissau. Tem 435 habitantes que vivem da pesca e da produção de arroz. Para os Felupes – a etnia predominante  –  este cereal é símbolo de riqueza e o seu principal sustento. Nos últimos anos, com a diminuição da quantidade de chuva e a subida do nível do mar, as bolanhas (plantações de arroz) de Elalab têm sido inundadas de água salgada, ameaçando a fertilidade dos solos e a subsistência das pessoas. Zé é um dos rostos da aldeia. Não conhece o significado de aquecimento global, mas identifica facilmente mudanças nas estações e o impacto que têm na vida de todos os dias.

Vamos pôr as mãos na terra e criar bombas de sementes — pequenas bolinhas de barro, terra e sementes que podem dar vida a flores e plantas amigas dos insetos! Enquanto preparamos estas “explosões de natureza”, falamos sobre a importância das plantas espontâneas, dos insetos, do cuidado com o que nos rodeia e das pequenas formas de resistência que cabem no dia a dia.

Com Oficina Fritta

Uma conferência-concerto sobre Ela que é símbolo de uma cidade durante uma semana. Um mergulho talvez profundo, talvez fútil sobre Ela que são eles durante todo o ano na espera ansiosa dos sinos da igreja, dos foguetes, do baton, da música de compasso binário, do peito farto, da saia curta.

Uma conferência-dança sobre um corpo-prisão à espera de ser carnaval. Onde mora a matrafona durante o resto do ano?

Quatro artistas de diferentes procedências criam obras a partir da cidade e dos habitantes de Torres Vedras. Ao longo do ano, todos têm passado períodos em residência na Quinta Alegre e, no fim, partilham com o público o ponto em que está o seu trabalho. Depois de Alex Cassal e Gaya de Medeiros, recebemos Bruno Huca e Márcia Lança.

De Bruno Huca

Tuiavii é a representante oficial de uma sociedade criada por crianças, que, por conta de um naufrágio, foram parar a uma ilha onde tiveram de aprender a sobreviver sem os adultos. Lá, criaram o “Grande Conselho”, cujas primeiras decisões, datadas de 1891, são: brincar, estar juntos e procurar alegria de viver.

Pela Companhia Caótica

Uma viajante desembarca de um autocarro numa cidade onde nunca esteve antes. Mal ela sabia, no momento em que os pés assentavam no chão daquele lugar, que ali começava uma viagem no tempo através da história de Turribus Veteribus, ou Torres Vedras. Uma viagem de pés e olhos molhados a seguir o curso do sinuoso Rio Sizandro rumo ao passado.

Quatro artistas de diferentes procedências criam obras a partir da cidade e dos habitantes de Torres Vedras. Ao longo do ano, todos têm passado períodos em residência na Quinta Alegre e, no fim, partilham com o público o ponto em que está o seu trabalho. Depois de Alex Cassal e Gaya de Medeiros, recebemos Bruno Huca e Márcia Lança.

De Márcia Lança

A Sala das Artes também é da Sétima Arte. 

Uma vez por mês, a Cinemateca Júnior sai de casa e muda-se para a Quinta Alegre, com filmes que motivam a troca de ideias entre pessoas de diferentes idades. Divertidas, emocionantes, maravilhosas, as histórias vistas no cinema também servem para conversar sobre vidas e realidades – as nossas e as de outros.

Este mês três filmes foram feitos demoradamente, com diferentes materiais e formas de animação – e de contar histórias:

• O Peculiar Crime do Estranho Sr. Jacinto, de Bruno Caetano, 2019
• Papel de Natal, de José Miguel Ribeiro, 2015
• Viagem a Cabo Verde, de José Miguel Ribeiro, 2010

Criada por 14 jovens, entre os 13 e os 14 anos, a peça de teatro “Telefone Estragado” aborda uma situação comum no contexto escolar: a forma como os boatos e mal-entendidos podem gerar conflitos. Através de uma discussão que se desenvolve dentro da escola, este espetáculo mostra como os problemas podem ser resolvidos com diálogo e compreensão. O objetivo é trazer ao palco temas do dia-a-dia dos jovens destas comunidades.