Anita Guerreiro Cheira a Lisboa

A vida e a carreira da fadista Anita Guerreiro foram celebradas, no dia 29 de maio, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho.


“Serei sempre de Lisboa até morrer”. No lançamento do livro “Mulher de Sonhos, Anita Guerreiro, Cheira a Lisboa” de Jorge Trigo e Luciano Reis, a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa considerou ser esta mais uma justa homenagem à personalidade de Anita Guerreiro mas também à sua carreira, à sua vida de artista e de lisboeta. 

Num tom bem-humorado, a fadista interrompia a vereadora para lembrar que é a pessoa mais antiga a participar nas marchas populares, “nem marchantes, nem presidentes de camara, nem nada.”

Para Catarina Vaz Pinto é muito importante “esta nossa missão de homenagear todos os que gostam de Lisboa e que fazem da nossa cidade uma cidade mais viva, mais rica e que contribuíram com a sua vida e com a sua arte para tornar Lisboa ainda mais conhecida de todos e, em particular, uma grande cidade do fado.”

Aplausos

O prefácio da autoria de António Costa, à data da conclusão da obra presidente da Câmara Municipal de Lisboa, recorda que “de entre os vários prémios, condecorações e distinções concedidos pela Câmara Municipal de Lisboa: o pelourinho de prata e a Medalha de Honra da Cidade-Grau Ouro, em 2004 [e que Anita Guerreiro orgulhosamente ostentava ao peito], Lisboa rende-lhe mais uma justa homenagem, sob a forma de aplauso, o maior prémio de qualquer artista. Obrigada Anita Guerreiro.”

E foi perante um coro de aplausos que, acompanhada à viola por Rogério Ferreira e à guitarra por Guilherme Banza, na Sala do Arquivo fez-se silêncio e a diva do fado “deixando-nos o seu coração” cantou…

"Lisboa já tem Sol mas cheira a Lua 

Quando nasce a madrugada sorrateira 

E o primeiro eléctrico da rua 

Faz coro com as chinelas da Ribeira 

Se chove cheira a terra prometida 

Procissões têm o cheiro a rosmaninho 

Nas tascas da viela mais escondida 

Cheira a iscas com elas e a vinho 

Um craveiro numa água furtada 

Cheira bem, cheira a Lisboa 

Uma rosa a florir na tapada 

Cheira bem, cheira a Lisboa 

A fragata que se ergue na proa 

A varina que teima em passar 

Cheiram bem porque são de Lisboa 

Lisboa tem cheiro de flores e de mar 

Cheira bem, Cheira a Lisboa“

[Canção Cheira Bem, Cheira a Lisboa, com letra de César Oliveira e musica de Carlos Dias]