Avenida em Lisboa homenageia Álvaro Cunhal

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Numa cerimónia realizada em 8 de junho, Álvaro Cunhal foi homenageado pela Câmara Municipal de Lisboa com a atribuição do seu nome a uma avenida no Lumiar. O presidente da CML, António Costa, descerrou a placa com o novo topónimo, acompanhado pela irmã do carismático político, Eugénia Cunhal, e por Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP,  partido que o agora homenageado liderou durante largos anos.

António Costa justificou esta distinção de Álvaro Cunhal na toponímia da cidade com a necessidade de perpetuar a “memória de um homem político que marcou fortemente o século XX português com as suas ideias e a sua acção”. Nesse sentido, a Câmara de Lisboa cumpre a sua responsabilidade institucional na construção de uma memória coletiva aberta, plural, tolerante e actualizada: “o espaço público é de todos e os sinais que nele deixamos devem ser plurais e representativos da memória colectiva”, frisou o autarca, para quem o líder histórico do PCP “era uma figura imprescindível no espaço público da cidade".

Jerónimo de Sousa enalteceu a vida e a obra de Álvaro Cunhal, sublinhando a sua inteligência, convicção e inteireza de carácter, bem como o compromisso de vida inteira para com os seus ideais, sem esquecer o legado que a vasta obra de teórico, ensaísta e escritor representa. “O percurso de revolucionário corajoso e íntegro" de Álvaro Cunhal permanecerá na memória coletiva como uma referência e uma fonte de inspiração para as gerações vindouras, guiadas pelos ideais da liberdade, da democracia, da justiça social, pela construção de uma sociedade nova liberta de todas as formas de opressão e da exploração", sublinhou o secretário-geral do PCP.

Ideias, causas e esperança

António Costa lembrou ainda que o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal acontece num tempo difícil que todos desafia e responsabiliza, exigindo “a nossa intervenção e não a nossa indiferença, a nossa convergência no essencial e não a nossa divisão no acessório. Precisamos de ideias, de causas, de esperança e de confiança no futuro", afirmou.
Neste sentido, “o melhor tributo que podemos prestar a Álvaro Cunhal é olhar para aquilo que a sua vida e a sua luta nos pode inspirar, unir e mobilizar. Falo no seu exemplo de seriedade pessoal, da coragem na adversidade, da audácia na ação, da capacidade de resistir e de persistir, da clareza nos propósitos e objetivos, da firmeza e da tenacidade na luta", enfatizou o edil.

Participaram na cerimónia, entre outros, a presidente da Assembleia Municipal, Simonetta Luz Afonso, os vereadores Manuel Salgado, Maria João Mendes, Catarina Vaz Pinto e Ruben Carvalho, autarcas, familiares, amigos de Álvaro Cunhal e muitos populares.

A banda do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa encerrou a cerimónia com uma interpretação de "A Internacional", seguida do Hino Nacional.


Álvaro Cunhal

Nascido em Coimbra, Álvaro Cunhal viveu em Seia até aos onze anos, idade em que se mudou para Lisboa. Aqui frequentou o Liceu Camões e a Faculdade de Direito.
A resistência contra o regime de Salazar levou-o à clandestinidade e em 1940, durante um dos vários períodos em que esteve preso, defendeu a sua tese de licenciatura em Direito sobre a temática do aborto, obtendo uma classificação de dezasseis valores.
Ocupou o cargo de secretário-geral do PCP entre 1961 e 1992, foi ministro sem pasta nos I, II, III e IV governos provisórios e deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992, mas o seu legado atravessa diversas áreas.
Foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Após a Revolução de Abril e o seu regresso do exílio viveu em Lisboa, onde faleceu em 13 de Junho de 2005.