Ambiente

Conclusão do Corredor Verde do Rio Seco

O dia Internacional das Florestas foi assinalado com a conclusão do Corredor Verde do Rio Seco e a apresentação da Bacia de Retenção do Alto da Ajuda.


A Câmara Municipal de Lisboa assinalou, a 21 de março, o Dia Internacional das Florestas com a conclusão do Corredor Verde do Rio Seco, momento que foi aproveitado para a plantação de algumas árvores e para uma apresentação da Bacia de Retenção do Alto da Ajuda. José Sá Fernandes, vereador da Estrutura Verde e Energia, participou no evento, que contou também com o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, José António Videira. 

Um momento emocionante, diz Sá Fernandes, que marca a transformação do que antes era uma lixeira num parque para usufruto da população dos bairros envolventes, de Lisboa e do polo universitário. 

“Estou muito satisfeito”, continua, adiantando que está já a pensar no próximo passo: o corredor oriental. 

O Corredor Verde do Rio Seco

É parte integrante da Estrutura Verde Municipal e estende-se entre o Parque Florestal de Monsanto, no Alto da Ajuda, e a Rua Eduardo Bairrada. É composto por extensas áreas verdes, caminhos, zonas de merendas e um pequeno picadeiro, além de um parque hortícola. Resulta de um projeto vencedor do Orçamento Participativo. 

Corresponde a um vale transversal ao rio Tejo formado por uma ribeira de regime torrencial em solos de calcário e granito, muito encaixado na área Sul, pois a ribeira, então à superfície, tinha forte potencial erosivo. Na área mais a Norte o vale é ainda mais naturalizado e orgânico, e faz a transição da Ribeira com Monsanto.

O parque urbano do Rio Seco está hoje dividido numa área norte e uma área sul, que correspondem respetivamente às áreas do percurso da ribeira original que não foram construídas e foram possíveis de recuperar e reabilitar. A ribeira está praticamente encanada, com urbanizações construídas no seu leito de cheia. A área do “cruzeiro” interrompe a ligação entre a área Norte e a SUL.

Com cerca de 2,7 hectares, a área sul foi recuperada em três fases, as duas primeiras com a reabilitação de um polidesportivo, a implementação de áreas de estadia, a valorização da escarpa e a plantação de árvores e arbustos; a segunda que englobou a limpeza da escarpa, a consolidação dos fornos da cal, iluminação pública, instalação de um parque infantil e plantação de mais árvores e arbustos. 

A terceira fase na zona sul foi muito participada, de maior dimensão e grau de complexidade com cerca de onze mil metros quadrados. Concluída em 2012, contempla a implementação de um miradouro, um estacionamento, a reformulação de um arruamento e a instalação de um parque hortícola. 

Também construída em três fases, a área norte, inclui o Bairro 2 de Maio, RIOSECO IV vale e RIO SECOIV planalto. Incluiu a qualificação da estrutura verde e espaço público do Bairro 2 de Maio, estendeu-se a uma área com cerca de 42 mil metros quadrados e teve como objetivo qualificar todos os pavimentos do bairro e implementar uma estrutura verde arbórea até então inexistente, promovendo a sua inter-relação com toda a estrutura do futuro parque no vale. Para além do mobiliário urbano e iluminação pública, foram plantadas árvores e arbustos.

Já o Parque Urbano foi dividido em duas fases:  a primeira que inclui a limpeza do vale e a reconstrução da ribeira, plantação de árvores e arbustos, rede de caminhos e uma “aldeia columbófila”;  a segunda, a do planalto, incluiu a construção de umas cavalariças para albergar todos os animais em estábulos privados precários e permitiu desocupar a área e estruturar o parque.

No total foram plantadas cerca de mil árvores e cinco mil arbustos.

 

A Bacia de Retenção do Alto da Ajuda

Enquadra-se nos objetivos do Plano Geral de Drenagem de Lisboa 2016-2030, com que a Câmara Municipal de Lisboa pretende responder ao desafio de controlo das cheias urbanas, valorizando em simultâneo o território através da adoção de soluções naturais de controlo na origem. Trata-se de uma bacia versátil, que gerirá à superfície o controlo de caudais, proporcionando desta forma a criação de um parque urbano que se encontra numa situação paisagística privilegiada, rematando o corredor verde do Rio Seco já numa área do Parque Florestal de Monsanto. 

A solução proposta consiste na modelação do terreno atual, promovendo a capacidade de retenção em duas bacias (principal e secundária) com um muro de retenção de cerca de um metro, aproximadamente. O controlo de caudal descarregado na bacia de retenção principal é feito através da adaptação de uma câmara de visita existente, com a construção de uma parede descarregadora dotada de um orifício. 

A intervenção proporcionará a qualificação de uma área de orla do Parque Florestal de Monsanto, que reforçará um espaço de contemplação do rio, com a alternância entre zonas de estadia com recreio ativo. 

A drenagem de todos os percursos será conduzida através de soluções naturais para retenção e infiltração in situ. O factor de orla será mantido como uma mais-valia para o recreio, garantindo-se o reforço pontual da arborização mas sempre sem comprometer o sistema de vistas e a abertura entre o rio e o interior da mata. O anfiteatro junto ao plano de água será um espaço de excelência para o encontro, tirando partido da exposição solar, um enquadramento natural de um campus universitário. 

Será ainda reforçado o coberto herbáceo e sub-arbustivo com prados adaptados de sequeiro, promovendo-se desta forma a estabilização do solo e a promoção da biodiversidade florística e faunística. O plano de água, temporário, permitirá a criação de habitat para outras espécies, contribuindo para os objectivos do Plano de Biodiversidade e para os objectivos do Parque Florestal de Monsanto.

O projeto está em fase final de conclusão, prevendo-se o início da obra ainda durante este ano.