Cultura

Fado, Património da Humanidade - 1 ano depois


A inauguração da exposição "Com Esta Voz Me Visto", no MUDE-Museu do Design e da Moda, com os vestidos usados pelas divas do Fado, e um espetáculo que levou ao palco Mariza e Carlos do Carmo - os embaixadores da candidatura - no Teatro de São Luiz, assinalaram, no dia 22 de novembro, o primeiro aniversário da elevação do Fado a Património Imaterial da Humanidade.

Na inauguração da exposição agora patente no MUDE, que franqueia gratuitamente as suas portas na Rua Augusta, mais de sete dezenas de artigos vestidos e usados por fadistas - maioritariamente, vestidos, combinados e acessórios - incitam o visitante a uma viagem pela história do Fado dos últimos setenta anos. Trata-se de uma iniciativa conjunta do MUDE-Museu do Design e da Moda e do Museu do Fado (sendo curadoras as respetivas diretoras, Bárbara Coutinho e Sara Pereira, com desenho museográfico de António Viana), com o apoio do Museu do Teatro e da Fundação Amália Rodrigues, que cederam a maioria dos vestidos e combinados usados pela grande diva ao longo de mais de meio século.

Unindo gerações, para além de Amália (cujo espólio ocupa boa parte da exposição), são também apresentadas diversas roupas de palco usadas por Maria da Fé, Mariza, Mísia e Ana Moura, não deixando de estar representadas as fadistas Lenita Gentil, Anita Guerreiro, Alexandra, Raquel Tavares, Lucília do Carmo, Hermínia Silva, Cuca Roseta, Kátia Guerreiro, Cristina Branco, Aldina Duarte, Carminho e Ana Sofia Varela, entre outras. Também os emblemáticos boné e cachené de Alfredo Marceneiro marcam presença, a par do lenço usado na atualidade por Ricardo Ribeiro. Acessórios como joias usadas por Ana Moura, Joana Amendoeira e Rodrigo e, até, umas chinelas de Raquel Tavares, completam o acervo exposto, que incluiu ainda capas de discos de Fado, ilustrando o vestuário usado por mais umas dezenas de fadistas. Entre os muitos estilistas representados, veem-se criações de outrora pela mão de Anna Maravilhas, Maria-Thereza Mimoso, Pinto de Campos e Ilda Aleixo, até às da atualidade, desenhadas por Luís Buchinho, Filipe Faísca ou José António Tenente, entre muitos outros.

No ato inaugural, que decorreu no dia 22, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que se encontrava acompanhado pela presidente da Assembleia Municipal, Simonetta Luz Afonso, pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, e pelo presidente da EGEAC, Miguel Honrado, elogiou o trabalho conjunto do MUDE e do Museu do Fado, agradecendo ainda a preciosa colaboração da Fundação Amália Rodrigues e do Museu do Teatro. Para o autarca, este primeiro aniversário da consagração pela UNESCO do Fado como Património Imaterial da Humanidade é "uma data que também nos relembra as obrigações do reconhecimento: a preservação, a divulgação e a valorização do Fado". Sintetizando a importância da exposição agora aberta ao público, António Costa apontou o exemplo de Amália Rodrigues que, "para além da voz, o que vestiu também ajudou a criar toda uma iconografia" que projetou o Fado além fronteiras.

À noite, foi a vez do Teatro Municipal de São Luiz encher para as atuações de Mariza e Carlos do Carmo - aqueles que foram, precisamente, os embaixadores da candidatura do Fado até ao final feliz da sua consagração, em Bali, faz agora um ano. Mais de duas dezenas de fados interpretados por estas duas grandes referências do Fado da atualidade emocionaram todos os que nesta emblemática se quiseram juntar à celebração de uma efeméride que, desde agora, será sempre uma data histórica na já longa evolução da "canção de Lisboa".