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Manuel Alegre recebeu Medalha de Honra da Cidade

O Salão Nobre dos Paços do Concelho encheu, no dia 2 de maio, para ovacionar Manuel Alegre na ocasião da cerimónia de entrega da Medalha Municipal de Honra com que a Câmara Municipal de Lisboa, por deliberação unânime, decidiu homenagear o poeta, político e cidadão.


A Medalha Municipal de Honra destina-se a galardoar pessoas de reconhecido mérito que tenham prestado à Cidade de Lisboa serviços de excecional relevância, outorgando ao agraciado o título de «Cidadão de Honra de Lisboa».

Nos termos dessa deliberação, constata-se o "reconhecido mérito de que Manuel Alegre tem sido alvo no âmbito nacional e internacional" e a "importância, também para a cidade de Lisboa, do seu combate pela democracia e pela liberdade, bem como da totalidade da sua obra literária, em especial da poesia em que Lisboa surge com destaque". Assim, a Câmara Municipal de Lisboa deliberou por unanimidade atribuir a Medalha Municipal de Honra a Manuel Alegre de Melo Duarte, "pela sua entrega à causa da liberdade, da cidadania e de Portugal e em sinal de reconhecimento pela sua obra, no âmbito da comemoração dos 50 anos de 'Praça da Canção'” - um dos livros de poemas que publicou ainda no tempo das ditadura, em 1965.

A Medalha foi entregue ao homenageado pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, num ato presenciado pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, pela presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta, por deputados da Assembleia da República, vereadores da autarquia lisboeta e presidentes de juntas de freguesia, bem como pela embaixadora da Argélia em Lisboa, Fatiha Selmane.

O escritor e jornalista José Carlos Vasconcelos proferiu o elogio do homenageado, seu "irmão de geração", recordando que faz precisamente 42 anos que o poeta regressou do exílio de 10 anos, a 2 de maio de 1974, na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974. Num discurso pleno de testemunhos pessoais, que recuou aos tempos da vida académica coimbrã, Vasconcelos sublinhou a importância do poema "Trova do vento que Passa" (in "Praça da Canção", 1965) e dos poemas de intervenção política de "O Canto e as Armas", que tiveram largo eco entre os portugueses - sobretudo entre os meios oposicionistas, os estudantes e os intelectuais. Traçando a biografia de Manuel Alegre, o decano do jornalismo português enalteceu o homem que sempre viveu a resistência à ditadura e cuja "atuação cívica nunca esmoreceu". Sobre o poeta, reconheceu que "em nenhum outro escritor português a sua vida está tão presente na sua obra", pois, "para ele, a poética é também uma ética", sendo um "cidadão que merece a poesia", um "sebastianista do avesso". "Quando regressou a Portugal, Manuel Alegre era um mito e uma legenda", o que permanece até hoje para toda a sua geração, concluiu José Carlos Vasconcelos.

Depois da atriz Maria do Céu Guerra dizer quatro poemas dedicados a Lisboa pelo "último poeta romântico", o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, dirigiu-se à "figura incontornável da luta política e da literatura", ao homem que "nunca baixou os braços na sua oposição à ditadura fascista", para garantir que "Lisboa reconhece e valoriza esta homenagem" - um contributo para que "a sua entrega à causa da liberdade e da cidadania não seja esquecida" e para que "a sua obra seja de grande utilidade para as gerações futuras".

Após receber a medalha, Manuel Alegre agradeceu ao "irmão de geração" José Carlos Vasconcelos e a Maria do Céu Guerra pelas suas intervenções nesta sessão, aos militares de Abril, na pessoa do presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, pela liberdade conquistada, e ao edil lisboeta, Fernando Medina, "pela sua iniciativa", aprovada por unanimidade pela vereação camarária. Nas palavras do poeta, "nasci pela primeira vez em Águeda, uma segunda vez em Coimbra e, agora, tenho a sensação de nascer uma terceira vez em Lisboa". "Mas, na verdade, estou em Lisboa desde as Crónicas de Fernão Lopes", confidenciou Manuel Alegre, que referiu muitas outras referências literárias lisboetas para concluir que "estou aqui há séculos".

<link www.manuelalegre.com/101000/1/,000021/index.htm - external-link-new-window "Abrir nova janela">Biografia de Manuel Alegre</link>