Mexicana regressa à cidade

A histórica Pastelaria Mexicana voltou a abrir as portas. Mantém o património original, mas as suas iguarias estão ainda mais apetitosas.


A emblemática pastelaria Mexicana, localizada na Praça de Londres, foi oficialmente reaberta, dia 18 de fevereiro, agora também com um restaurante e taberna portuguesa, para além da tradicional pastelaria.

Com um investimento superior a dois milhões de euros, a histórica Mexicana mantém as características arquitetónicas de 1962, bem como o icónico painel de cerâmica da autoria do mestre Querubim Lapa, obra que a tornou em Monumento de Interesse Público, em 2014.

O espaço estava encerrado desde abril de 2015 por insolvência. Rogério Pereira, o novo administrador, decidiu voltar a dar-lhe vida, criando 30 novos postos de trabalho: “Foram cerca de oito meses de obras de renovação deste espaço”, disse o novo proprietário, na cerimónia oficial de reabertura do local: “Queremos que a Mexicana volte a ser o espaço de eleição e de referência em Lisboa, que regresse aos tempos áureos, volte a ganhar prémios de melhor pastelaria e a ser um ponto de encontro de várias famílias”.

Rui Nabeiro, presidente do grupo Delta Cafés, presente na sessão, endereçou as primeiras palavras ao mestre Querubim, mesmo à sua frente, agradecendo-lhe “esta obra linda e maravilhosa” que ainda hoje é possível de admirar na Mexicana. Mas também a Rogério Pereira, pela renovação que empreendeu, dizendo-lhe, de forma serena, que “quem semeia, colhe”. O presidente da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, Mário Gonçalves, lembrou que foi ali, em 1963, que iniciou a sua vida empresarial, recordando outros locais de encontro emblemáticos na zona, como o Copacabana, Roma ou Capri.

“Estamos gratos por ter devolvido este espaço à cidade”, congratulou Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, que ajudou a descerrar a placa que marca o novo ciclo da Mexicana. O autarca, que sempre frequentou o espaço, como milhares de lisboetas, afirmou tratar-se de “um sítio especial e mágico”, magia essa que “também está na obra do mestre Querubim”. Medina adiantou, ainda, que “a cidade de Lisboa vive do dinamismo”, mas vive sobretudo, frisou, “da sua autenticidade”. Desta identidade que espaços como a Mexicana dão à cidade.

A Pastelaria Mexicana continuar a manter a confeitaria que a tornou célebre. O antigo restaurante, que funcionava na cave, foi também reaberto no formato de taberna portuguesa, com petiscos tradicionais e uma grande variedade de vinhos e de cerveja.

A Mexicana foi fundada em 1946, mantendo-se sempre na mesma família. Em 1962 foi remodelada pelo arquiteto Jorge Ferreira Chaves, ano em que o mestre Querubim lhe dedicou uma das suas mais belas cerâmicas. No início de 2015 foi vendida a Rogério Pereira que agora a apresenta completamente renovada.