Cultura

Procissão de Santo António


Decorreu, no dia 13 de junho, Dia de Santo António e feriado municipal em Lisboa, a tradicional procissão pelas ruas de Alfama que leva o nome do santo mais venerado pelos lisboetas (embora o padroeiro da cidade seja S. Vicente). Foi presidida pelo bispo de Santarém, D. José Traquina, contando com as presenças institucionais do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, do Núncio Apostólico acreditado em Lisboa, D. Rino Passigato, e, como é costume, da edilidade da cidade, há muito associada esta manifestação religiosa e popular, nas pessoas do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do vice presidente, Duarte Cordeiro, Vereação e presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho.

As comemorações religiosas deste dia começaram ao meio dia, com missa celebrada na Igreja de Santo António - um templo que é propriedade municipal, construído no local onde o Senado da Câmara fez erguer no século XIV uma ermida com o orago de Santo António por se supor que aqui tenha nascido Fernando Martins de Bulhões no início do século XIII, o franciscano que haveria de professar com o nome de António e que seria santificado pouco depois da sua morte, em Pádua. No adro desta igreja, adjacente ao municipal Museu Antoniano, foi então distribuído o simbólico pão acompanhado pelo cravo branco.

Já ao cair da tarde, teve início a procissão com a saída da imagem do orago da Igreja de Santo António, réplica de uma outra que remonta aos primórdios deste evento religioso, no século XVIII (embora já no século XVI, por iniciativa da confraria dos louceiros, que adotara este santo por padroeiro, se tivesse realizado uma procissão com este orago, partindo do Convento de S. Francisco). Na ocasião, como acontece todos os anos deste que aqui foi retomada a tradição em 1952, a imagem do santo foi carregada para uma viatura do Regimento de Sapadores Bombeiros, iniciando-se a procissão presidida pelo bispo D. António Traquina, rumo à vizinha Sé Catedral de Lisboa, onde Fernando de Bulhões fez os primeiros estudos na escola catedralícia, aqui se incorporando o Pálio com o Cardeal Patriarca e a Relíquia de Santo António.

Daqui, o cortejo processional, sempre com muita assistência de povo por onde ia passando, enveredou pelas Cruzes da Sé e Rua de S. João da Praça, abrindo com o turifário, cruz e lanternas, com escolta de escuteiros, acólitos e confrarias religiosas do vicariato da cidade. A partir da Igreja de S. João da Praça (onde se incorporou a imagem de S. João Baptista da Praça, cuja ermida original terá sido mandada construir pelo pai de Santo António, Martim Bulhão), nesta secção da procissão vão sendo incorporadas as imagens dos cinco outros santos cujos andores compõe o cortejo, à medida que vai passando pelos templos de que são oragos.

Seguem-se então os membros destas confrarias e irmandades, com os respetivos padrinhos e madrinhas, os professos da Ordem da S. Francisco (OFS), religiosos e religiosas das demais ordens monásticas e, com uma escolta da Polícia Municipal, a imagem de Santo António sobre a viatura do Regimento de Sapadores Bombeiros, com alguns elementos desta corporação a abrir passagem. Atrás da imagem, vem a Câmara Municipal de Lisboa, incluindo o presidente Fernando Medina e a Vereação, e representantes de outras entidades civis, também ladeados pela Polícia Municipal. Finalmente, vem o clero secular, com os diáconos, os sacerdotes (incluindo os vigários paroquiais e os cónegos do Cabido da Sé), os bispos da diocese e o bispo convidado a presidir (este ano, o bispo de Santarém, D. José Traquina), o Núncio Apostólico acreditado em Lisboa, D. Rino Passigato, e, sob o Pálio, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, com a relíquia de Santo António. Encerrando o cortejo, uma banda de música e, naturalmente, grande multidão de fiéis.

A procissão prosseguiu pelo Largo de S. Rafael, Rua de S. Miguel (onde, junto à Igreja de S. Miguel se incorporou o andor com a imagem deste Arcanjo), Rua de S. Pedro, Largo do Chafariz de Dentro, Rua dos Remédios, Rua do Vigário, Rua de Santo Estêvão (saindo da Igreja de Santo Estêvão e incorporando-se na procissão do andor com a imagem deste diácono mártir, santificado pela Igreja), Rua Escolas Gerais, Travessa de S. Tomé / Rua do salvador (com a incorporação do andor com a imagem de S. Vicente, vinda do mosteiro onde Santo António estudou antes de ir para Coimbra tomar votos professos), Largo das Portas do Sol, Largo de Santa Luzia (junto a cuja capela se junta o andor de S. Tiago, levado por mulheres desde a vizinha Igreja de Santiago), Rua do Limoeiro, Largo de S. Martinho, Rua Augusto Rosa e Largo da Sé, onde teve lugar uma celebração litúrgica, com sermão, Te Deum Laudamus e benção dos fiéis, por D. Manuel Clemente. A imagem de Santo António, entretanto, retorna à sua Igreja, onde ficará até ao próximo ano.