Lisboa homenageia legado cultural de Maria João Quadros
A medalha, frisou Carlos Moedas, “é uma promessa. A promessa que a sua luz jamais se extinguirá”. Para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Maria João Quadros representa “a mãe do fado sem fronteiras”.
“Essa é a identidade que Maria João Quadros encarnou, desde as casas de Fado até à Marcha da Bica, que tantas vezes apadrinhou (…), essa alma de Lisboa, que não conseguimos explicar, mas conseguimos sentir. E ela fazia-nos sentir essa identidade tão lisboeta”, acrescentou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Maria João Barbosa Teles de Castro e Quadros nasceu em Nampula, Moçambique, em 1950, e morreu em Lisboa, a 8 de dezembro de 2023, aos 73 anos.
Começou a cantar profissionalmente aos 16 anos, no Rádio Clube de Moçambique, com a orquestra do maestro António Gavino. Com atividade artística intensa em casas de fado – proprietária de várias, tais como a Casa da Mariquinhas, mas também Desassossegos, Pindéricos, entre outras –, tem vários discos editados, com letras de Tiago Torres da Silva.
“O fado foi sempre, e será, o meu estado de alma, com a minha alegria de viver que me caracteriza, quase sempre cantei os melhores fados quando estava triste, (e estou muitas vezes), mas há fados lindos e alegres, e marchinhas lindas, etc., mas o fado é mais (para mim) cantado com certa tristeza”, afirmava a fadista.
Ao longo do seu percurso artístico, gravou canções de artistas brasileiros, como Chico Buarque, Ivan Lins, Chico César e Zeca Baleiro, juntando o melhor do fado ao melhor da música popular brasileira e acabando por contribuir para o alargamento do universo do fado no mundo de língua portuguesa. Popularizou temas como “Meu Amor Abre a Janela (Fado de Santa Luzia) e “Fado Mulato”. Apresentou como referências suas do fado, Maria do Rosário Bettencourt, Teresa Tarouca, Beatriz da Conceição, Fernanda Maria, Odete Mendes, Maria da Fé, Lucília do Carmo, Hermínia Silva bem como outros de gerações mais recentes como Carminho, Ana Moura ou Raquel Tavares.
A Medalha Municipal de Mérito da Cidade de Lisboa visa distinguir pessoas singulares ou coletivas, nacionais ou estrangeiras, “de cujos atos advenham assinaláveis benefícios para a Cidade de Lisboa, melhoria nas condições de vida da sua população, desenvolvimento ou difusão da sua arte, divulgação ou aprofundamento da sua história”.