Cultura

“Morabeza em Lisboa” distingue músicos de Cabo Verde

Durante o espetáculo, Lisboa prestou homenagem a figuras incontornáveis da música deste país africano: Dany Silva recebeu de Carlos Moedas, presidente da autarquia, a Medalha de Mérito Cultural de Lisboa, numa homenagem que distinguiu ainda, a título póstumo, os músicos Sara Tavares e Bana, em reconhecimento da sua influência e contribuição para a ligação da música cabo-verdiana a Lisboa.


Sara Alexandra Lima Tavares, conhecida como Sara Tavares, nasceu em Lisboa, a 1 de fevereiro de 1978, e morreu a 19 de novembro de 2023, aos 45 anos, em Lisboa.

Cantora e compositora, começou na soul music e gospel, sendo transversal a presença da sua religiosidade e fé cristã. Em 1994, com apenas 16 anos, venceu a final da 12.ª edição do concurso “Chuva de Estrelas” da SIC, com a interpretação de um tema de Whitney Houston, que a tornou popular junto do público.

Durante a primeira década do século XXI, verificou-se uma aproximação cultural ainda maior a Cabo Verde, com interpretações de músicas em crioulo cabo-verdiano e estabelecendo contato com artistas como Tito Paris, Paulino Vieira, entre outros. É em Lisboa, no encontro de culturas entre África e a Europa, que consolida a sua identidade artística e alcança um estilo muito próprio.

Sara Tavares foi uma artista que se pautava pela entrega, simplicidade e humildade, fazendo da música uma autêntica linguagem universal. Com uma carreira invulgar e uma voz mágica, Sara Tavares morreu cedo demais. A Cidade de Lisboa pretende, assim, homenagear o seu percurso artístico, modo de viver a música e mérito cultural que em muito contribuíram para o enriquecimento do panorama cultural da Cidade.

Adriano Gonçalves, por todos conhecido como Bana, nasceu em Cabo Verde, em 5 de março de 1932. Começou a sua carreira enquanto trabalhava para o compositor e intérprete B. Leza que, apercebendo-se da sua voz invulgar, o veio a apresentar em 1959, numa digressão que a Tuna Académica de Coimbra efetuou a São Vicente. Entre os então responsáveis pela Tuna estavam o escritor, romancista e jornalista Fernando Assis Pacheco e o poeta e político Manuel Alegre, que tentaram trazê-lo a Portugal para atuar.

"Embaixador" da música cabo-verdiana, por ser pioneiro em levá-la aos quatro cantos da Europa e África, Bana foi reconhecido com várias condecorações e homenagens, entre elas, a atribuição do grau de Oficial da Ordem do Mérito de Portugal, em 1992.

Morreu a 13 de julho de 2013, depois de uma carreira de mais de 60 anos, tendo editado mais de meia centena de LP e EP, em grupo ou a solo, e participado em quatro filmes, dois franceses, um alemão e um luso cabo-verdiano.

Daniel Rocha e Silva, conhecido como Dany Silva, é um músico, cantor e compositor cabo-verdiano. Nasceu em 1947, em Cabo Verde, Cidade da Praia.

Quando começa a sua carreira a solo, grava o êxito de todos conhecido “Branco, Tinto e Jeropiga”, primeiro tema que gravou em português e que o tornou conhecido na lusofonia.

Tem várias colaborações com músicos portugueses, nomeadamente com a participação no projeto “Triângulo Atlântico” com Pepe Ordás e Vitorino Salomé e na banda sonora da Novela "Filha do Mar" conjuntamente com Mafalda Veiga e Dina. Gravou vários álbuns em crioulo, que integram duetos com Sérgio Godinho e Carlos do Carmo.

Referência incontornável da música Cabo Verdiana no panorama cultural dos países de língua portuguesa, Dany Silva celebrou, em 2019, quarenta anos de carreira a solo.

A Medalha Municipal de Mérito da Cidade de Lisboa visa distinguir pessoas singulares ou coletivas, nacionais ou estrangeiras, de cujos atos advenham assinaláveis benefícios para a Cidade de Lisboa, melhoria nas condições de vida da sua população, desenvolvimento ou difusão da sua arte, divulgação ou aprofundamento da sua história, ou outros de notável importância que justifiquem este reconhecimento.

“Morabeza em Lisboa”, uma homenagem à música e músicos de Cabo Verde, reuniu, a 30 de julho, no teatro Capitólio, artistas como Nancy Vieira, Dany Silva, Cremilda Medina, Cristina Clara, Leonel Almeida, Armindo Tito e Kady. A música de Cabo Verde, “marcada por uma exuberante diversidade de ritmos e estilos”, recordou também expressões locais como o funaná, a morna e a coladeira.