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As chuvas intensas ocorridas no final de 2022, causaram um abatimento nas paredes do coletor da Rua da Prata.

Esta situação exigiu uma intervenção urgente da Câmara Municipal de Lisboa para executar os trabalhos de reparação do troço afetado.

O que é o coletor da Rua da Prata?

É uma grande infraestrutura de saneamento, constituída por alvenaria de pedra de calcário aparelhada, com secção em arco abobadado, paredes planas verticais e abóboda em arco de volta circular. As dimensões são de 2,85 metros de altura por 2,15 metros de largura.

Esta infraestrutura terá sido concluída vinte anos depois do terramoto de 1755, sendo, por isso, um coletor pombalino. Os trabalhos de reparação em curso visam manter as características desta infraestrutura pombalina preservando assim o seu elevado valor patrimonial e histórico.

Conservar e restaurar

A avaliação do estado de conservação do coletor, feita pelos técnicos do Centro de Arqueologia de Lisboa, da Câmara Municipal, detetou diversos problemas:

 lacunas no revestimento de pedra

 erosão

 fissuras

 falhas de argamassas nas juntas

 cedências pontuais da estrutura.

 

Após esta análise foi elaborado um plano de conservação e restauro que está a ser implementado atualmente através de vários trabalhos.

Intervenção coletor Rua da Prata


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1

Substituição dos silhares de pedra degradados e preenchimento das lacunas.

Com recurso à mesma matéria-prima (calcário vidraço cretácico) ou equivalente (vidraço de Ataíja Azul do jurássico, da região de Alcobaça).

2

Conservação dos silhares existentes.

Com a aplicação de uma argamassa estrutural à base de cal hidráulica e areia sobre o exterior do coletor, compatível com a antiga argamassa − visa garantir a reversibilidade e acesso mais fácil na manutenção e conservação da estrutura.

3

Preenchimento e consolidação das juntas.

Com uma argamassa à base de cal hidráulica, areia e outros componentes. Esta argamassa, com espessura de 1 a 2 cm, tem propriedades impermeabilizantes e protege silhares e juntas da agressão química das águas residuais.

História

Depois do terramoto de 1755, que destruiu Lisboa, foi elaborado o Plano da Baixa em 1758, que visava a reconstrução da cidade.

Da autoria de Manuel da Maia, este plano foi, em vários aspetos, inovador, desde logo pelas preocupações com a salubridade urbana. O plano estipulava a construção de uma moderna rede pública de saneamento, destinada aos resíduos domésticos e à drenagem das águas, substituindo as antigas e insipientes redes de canos, que ficaram inoperacionais com o terramoto.

O plano determinava que no meio das ruas da Baixa fosse colocado um coletor de “dez palmos de largo, e catorze de alto…. A ligação da cloaca às habitações de ambos os lados da rua ficaria a cargo dos respetivos proprietários.

Foi, assim, contruído o coletor da Rua da Prata, em 1773. Há registos de que a sua construção intercetou e afetou o Criptopórtico Romano (junto ao cruzamento da Rua da Conceição), monumento que permanece no subsolo da Baixa.

Mais tarde, em 1859, este coletor teve obras de conservação, mas a estrutura inicial manteve-se inalterada.

O coletor da Rua da Prata é parte integrante da rede de esgotos da reconstrução pombalina – uma rede com cerca de 12 km que ainda hoje está em funcionamento.

E como estas cloacas [coletores] não só servem para a expedição das águas do monte que entram na Cidade, mas também para por elas se evacuarem as imundícies das casas moradores dos dois lados das ruas, que assim conseguem a limpeza continua das suas casas, e também evitarem as despesas que com ela faziam na Cidade antiga, a eles e não à cidade compete a edificação e conservação das mesmas cloacas, cada um na sua respetiva testada.

Amador Patrício de Lisboa, Memórias das Providências que se deram no Terramoto que padeceu a Corte de Lisboa no anno de 1755, Ordenadas e Oferecidas à Majestade Fidelíssima de El.Rei D. Joseph I, Nosso Senhor, 1758.

1755

A 1 de novembro ocorre o Terramoto de Lisboa, seguido de maremoto, destruindo grande parte da cidade, particularmente a Baixa.

1758

Foi elaborado o Plano da Baixa, por Manuel da Maia, para a reconstrução da cidade: estipulava a construção de uma moderna rede pública de saneamento, destinada aos resíduos domésticos e à drenagem das águas.

1773

Construção do coletor da Rua da Prata.

1859

Primeiras obras de conservação do coletor da Rua da Prata, com a estrutura inicial a manter-se inalterada.

2022/2023

Novas obras de requalificação, em virtude das últimas cheias registadas na cidade de Lisboa.