Cultura

Centenário de Gérard Castello-Lopes celebrado em Lisboa

Com o seu nome imortalizado numa praça do Lumiar e uma exposição de fotografias do autor, Lisboa assinala o centenário do nascimento de Gérard Castello-Lopes. A homenagem da CML, no dia em que faria 100 anos, “celebra a sua vida, a sua obra, o seu contributo”.


Na cerimónia desta tarde, com a presença de familiares, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou para breve uma exposição em Lisboa, com um conjunto de fotografias e outros documentos de Gérard Castello-Lopes que integram o acervo do Arquivo Municipal de Lisboa, incluindo da Videoteca.

“A maneira como ele via o mundo, felizmente para todos nós, ficou gravado nas suas fotografias”, afirmou Carlos Moedas. “Esse olhar que se manifestou, o que ele próprio dizia ser a quintessência da fotografia. A instantaneidade. Era isso que ele dizia”.

Na sua maneira de ser, como escritor, como músico, como pintor, ele “mostrava o seu inconformismo, um pouco da recusa de qualquer tipo de formatação”, salientou. “Havia em Gérard Castello-Lopes uma inquietação, um impulso, um ímpeto de não parar”. A inquietação, considerou o autarca, “derivava da sua necessidade de saborear a liberdade. Saber que poderia ser sempre algo mais”.

Nascido em Vichy, França, em 1925, Gérard Maria José Leveque de Castello-Lopes cresceu num ambiente familiar profundamente ligado às artes.

Na fotografia, destacou-se como autodidata exemplar, e rapidamente encontrou uma linguagem própria, inspirada na tradição humanista europeia. Teve um papel pioneiro na valorização da fotografia como arte em Portugal. Lisboa, nos seus contrastes, transformações e detalhes humanos, surge como um dos seus temas privilegiados.

No cinema, foi protagonista de um processo de renovação artística e intelectual. Participou na fundação do Centro Português de Cinema (1969), com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, incentivando a produção independente e a formação de novos profissionais.

Como gestor da Filmes Castello Lopes, trouxe a Lisboa estreias de grandes autores internacionais, oferecendo ao público uma programação exigente e diversa que contribuiu para o enriquecimento do panorama cinematográfico da cidade.

Em 1948, ajudou a fundar o Hot Clube de Portugal, um espaço de referência para o jazz em Lisboa e o mais antigo clube do género em atividade contínua na Europa. O clube manteve-se ativo mesmo após o incêndio de 2009, sendo parte viva do legado cultural que ajudou a construir.

Gérard Castello-Lopes morreu em Paris, a 12 de fevereiro de 2011.