Há menos pessoas "sem-teto" em Lisboa
Segundo o autarca, esta é a primeira vez, desde o período pós-pandemia, que se regista uma descida neste indicador. De acordo com os dados hoje divulgados, em 2023 havia 548 pessoas sem-teto na cidade, número que desceu para 439, em 2024. Já o total de pessoas em situação de sem-abrigo passou de 3 378 para 3 117.
Também as vagas de acolhimento na cidade aumentaram, afirmou Carlos Moedas: de cerca de 800 para quase 1 200, além da retirada de 312 tendas da via pública, das quais mais de 100 junto à Igreja dos Anjos. “Retirar tendas, mas dar solução”, disse, explicando que essas pessoas foram encaminhadas para hostels, pensões ou outras estruturas de acolhimento.
O projeto piloto, hoje apresentado, traduz a visão da autarquia "sobre um desafio muito grande da cidade, que são as pessoas em situação de sem-abrigo”, afirmou Carlos Moedas, sublinhando: “Mais importante do que a redução global, é a descida de quase 20% nas pessoas sem-teto, aquelas que não tinham qualquer solução”.
A nova Unidade Municipal para o Emprego e Autonomia da Pessoa em Situação de Sem-Abrigo – inserida no Plano Municipal para a Pessoa em Situação de Sem-Abrigo 2024-2030– acolhe até 15 pessoas, com emprego ou em formação profissional, oferecendo-lhes apoio habitacional temporário, acompanhamento psicossocial e condições para reforçar a sua autonomia.
O espaço é gerido em parceria com a “Associação Crescer”, entidade que também acompanha os beneficiários. “70% das pessoas que aqui passaram encontraram uma solução”, afirmou Carlos Moedas, referindo que os utentes entregam 30% do seu rendimento mensal, valor que é devolvido na saída, como forma de incentivo à poupança e à gestão autónoma.
Rita, que viveu 10 anos em situação de sem-abrigo e passou por este projeto, deu o seu testemunho durante a visita: “Foi o único projeto em 10 anos em que consegui alugar um quarto e arranjar um emprego, com a ajuda da Associação Crescer. Mudou-me a vida”, afirmou. Atualmente com habitação própria e emprego, Rita deixou a unidade há seis meses.