Trocam a farda de trabalho pelo equipamento de futebol nas horas livres. Para dentro de campo levam não apenas o gosto pelo desporto, mas sobretudo o espírito de união.

"Abdicamos de muita coisa da nossa vida pessoal"

Zelam pela segurança da cidade de Lisboa e salvam vidas durante o horário de trabalho, fora das horas de serviço ainda há tempo para jogar futebol.

A Associação dos Serviços Sociais do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa criou, em 2021, uma equipa de futebol de 11 e, desde então, tem participado em diversos torneios.

Conciliar os treinos com o compromisso profissional “nem sempre é fácil”, é necessário “gerir os turnos”, explica um dos membros da equipa, Miguel Santos. “Abdicamos de muita coisa da nossa vida pessoal” para poder ser dada continuidade ao projeto, acrescenta o treinador da equipa de futebol do RSB, André Fernandes.

Mas o bichinho pelo futebol não é de agora. Miguel Branco, também jogador, conta que informalmente já era comum alguns membros juntarem-se para jogar futebol e até mesmo participar em alguns torneios.

Em 2021, motivados pela participação no campeonato INATEL, juntaram bombeiros de vários quartéis e “foi relativamente fácil” fazer uma equipa. Acredita terem “um grupinho engraçado”. 

Dentro do campo

Quer nos treinos, quer nos jogos, há um “espírito muito competitivo e aguerrido”, assume Miguel Branco, e para garantir que os desaires dentro de campo não saem das quatro linhas, existe o hábito de fazer um convívio no final.

Responsável pelos comandos da equipa desde o seu início, André Fernandes diz ter “um grupo excelente”, onde “toda a gente se dá bem”. Quando assumem o papel de futebolistas, os bombeiros são “movidos pela adrenalina, pela emoção, pela vontade de ganhar”, no final é tudo vivido “com mais calma” e é também esse convívio “que nos faz continuar”, assegura o mister.

O trabalho já tinha feito com que muitos dos membros da equipa se cruzassem, mas foi o futebol que permitiu que todos se conhecessem melhor. Esta equipa de futebol trouxe uma “amizade”, afirma Miguel Santos, o que aliado ao gosto pelo futebol são motivos suficientes para a dedicação à equipa. Os bons resultados dão ainda mais força.

Logo no primeiro ano chegaram à fase final do campeonato Inatel e só o penúltimo jogo deitou por terra o sonho de serem campeões. Este ano, o foco está na Taça Inatel.

Manter a cidade em segurança ou a baliza?

Manter a bola longe da baliza da equipa do RSB nem sempre é fácil, que o diga o guarda-redes Ricardo Adro.

No entanto, questionado sobre o que seria mais fácil, manter a cidade em segurança ou a baliza, Ricardo Adro não hesita na resposta: “guardar as redes da nossa equipa de futebol”. E não é porque os adversários não estejam à altura, mas porque “temos uma boa equipa que facilita o trabalho”, garante. 

A equipa de futebol vem evidenciar ainda mais aquele que deve ser o espírito na profissão de bombeiro “fomentar o espírito de união e camaradagem, sendo apenas um dentro de um grupo”, garante Diogo Lourenço, também membro da equipa.

Entre o lado competitivo há também “picardias saudáveis para puxar pelo colega”, mas nada fica por resolver, pois nesta equipa não falta o “convívio e o espírito de grupo”.

Atualmente, a equipa conta com 24 elementos, todos eles bombeiros. Foram os Serviços Sociais do RSB que lançaram o desafio a Sérgio Balão para a criação da equipa, “lancei depois a proposta a alguns colegas que já sabia que jogavam futebol de 11”.

E não se arrepende: o “espírito de grupo está mais forte” e muito por culpa de “todos os convívios que fazemos após o jogo”, destaca Sérgio Balão.