PER 30 anos
Lisboa antes do PER
De acordo com dados reportados pelo INE, em 1981 existiam em Portugal 46 391 alojamentos familiares não clássicos, ou seja, habitações que não reuniam todas as condições de habitabilidade. Em Lisboa, o número de alojamentos nestas circunstâncias ascendia a 10 643.
Ainda antes do PER, em 1987, o município de Lisboa celebrou com os institutos de habitação então existentes o Programa de Intervenção a Médio Prazo (PIMP). Este programa foi particularmente importante para realojar a população que residia em bairros provisórios municipais, a maioria construídos ainda durante o Estado Novo na década de 1940, assim como para o realojamento de famílias que viviam em fogos camarários com elevados níveis de sobreocupação, e de famílias residentes de alojamentos precários que interessavam demolir em virtude da construção de novas infraestruturas rodoviárias. Do ponto de vista temporal, o PIMP foi em grande medida concretizado em paralelo com o PER, na década de 1990, tendo contribuído para a construção de cerca de 7 500 habitações municipais.
Em 1993, no âmbito de um levantamento concretizado pelos serviços municipais tendo em vista o desenvolvimento do PER no município de Lisboa, foram identificados 97 núcleos de habitações precárias, com 10 030 alojamentos e 11 129 agregados familiares, num total de 37 299 pessoas.
Bairros como Musgueira, Casal Ventoso, Relógio, Chinês, Curraleira, entre outros, proliferavam pela cidade como focos de grande precariedade habitacional e social, associados ao tráfico e consumo de drogas, à pobreza extrema, à prostituição e à ausência de expectativas de vida.